O tempo é mesmo o senhor da razão. É capaz de, num piscar de olhos, mudar todos os sonhos e ilusões que nos cercam. Quando olho pra trás, vejo um mundo tão diferente desse. Eu conseguia sorrir à toa, era boba com minhas atitudes, e não conseguia perceber que a vida estava passando. Me apaixonada facilmente, e por qualquer pirralho que aparecesse na frente. Foi uma época muito engraçada. Morria de raiva por não poder me controlar, chorava por qualquer coisa que me causasse dor ou sofrimento; era uma menina frágil, quebradiça, insegura e sem razões. Hoje me deparo comigo mesma. Com minhas atitudes, minhas relações, meus ideais. Acabei me tornando uma pessoa fria, com medo dos próprios sentimentos. Pra quê demontrar uma lágrima a quem não se interessa em saber a razão de sua vinda. Pra quê viver aqui, se não há algo que faça isso tudo valer a pena. Pra quê continuar, se cada passo que é dado não possui um ponto de chegada.
Queria voltar a ser a ingênua menina, tendo aquele brilho intenso no olhar, risada inocente e beleza interior. Ser a menina que se apaixonava facilmente, e que chorava sem estar escondida. Sentir aquela vontade de pular, e de fazer sorrisos e mais sorrisos se aproximarem. Queria voltar a ser a 'tristinha' que escrevia num diário, contando todas as sábias bobagens que pensava, acreditando mesmo que havia alguém conversando com ela.
"A rosa murchou. A pétala vermelha ficou dourada e quebradiça. Isso não deve ser um bom sinal, não é mesmo? Eu sabia disso antes de ir até lá. Por causa disso, me decepcionei hoje. Esse desastre foi por culpa minha. Tenho que ir. Até amanhã, Q.D." - Escrito em 04 de julho de 2001.
Como esquecer coisas assim? Na hora, não pareciam grande coisa, isso é certo. Mas, após tantos anos, não dá pra explicar o que acontece. Nos sentimos pequenos diante isso tudo. Deixamos de valorizar certas coisinhas, achando que são as piores do mundo. Mas não são. É difícil dizer, mas é a verdade.
Bom, foi um breve desabafo. Obrigada por ler.
Beijos, Raah (: